“E traziam-lhe também meninos, para que ele lhes tocasse; e os
discípulos, vendo isto, repreendiam-nos. Mas Jesus,
chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais,
porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que, qualquer que não
receber o reino de Deus como menino, não entrará nele”.
(Lucas 18.15-17)
Sou professor do
ensino fundamental. Trabalho com crianças há oito anos e, lendo esse texto,
comecei a pensar na minha experiência como professor e entender melhor o que é
se tornar como criança. Sei que muita gente acha que não pode aprender nada com
as crianças, mas isso é um grande engano. As crianças podem nos ensinar muita
coisa, basta observarmos o comportamento delas. Vamos ver algumas coisas que
elas podem nos ensinar?
As crianças amam
verdadeiramente. As crianças amam seu
professor. É impressionante como o professor é importante para as crianças. Eu
amo crianças e é muito bom quando chego à Escola e as crianças vêm correndo
para me beijar, me abraçar, conversar comigo... Sinto-me gratificado e muito
feliz. Deveríamos aprender com as crianças. Deus, nosso “professor”, deve ser
amado dessa forma. Temos que demonstrar esse amor a Deus, temos que honrá-lo,
falar como Ele é importante para nossa vida e viver uma vida de constante culto
ao Senhor.
As crianças não
guardam rancor. É incrível! Já vi
várias vezes crianças brigando, uma fala com a outra que está de mal, mas
dentro de pouco tempo se esquecem disso e voltam a ser grandes amigas. Já “briguei”
várias vezes com alunos e, mesmo não gostando na hora, daqui a pouco estão me
beijando e me abraçando de novo. É uma graça! As crianças são assim, não
conseguem guardar rancor. É mais uma lição que devemos aprender com elas. Há
crentes que guardam rancor durante anos e anos. Há crentes que não conseguem
perdoar coisas pequeninas. Irmãos, temos que amadurecer. As crianças nos
ensinam isso.
As crianças confiam
plenamente. Outro fato
interessante que tenho notado é que quando as crianças confiam, elas confiam
mesmo! Elas não confiam em mim somente para ensinar português, matemática e as
outras disciplinas, mas confiam para tudo. Quando se sentem ameaçadas, recorrem
a mim. Quando têm dúvidas de assuntos variados, me perguntam, como se eu
tivesse todas as respostas e por aí vai. Para meus alunos, “esse cara sou eu”.
Olhando para isso, aprendo o quanto devemos confiar em Deus. Devemos olhar para
Deus como aquele que tem todas as respostas, como aquele que tem todo poder,
como aquele que dirige a história da humanidade, como aquele que é único,
santo, imutável e merece toda nossa confiança. Tem sido assim?
As crianças são
inocentes. Sei que alguns dirão
que elas já não são tão inocentes como eram tempos atrás. Tudo bem, mas ainda
são inocentes, guardadas as devidas proporções e quanto menor for a idade, é
claro. As crianças não têm a maldade dos adultos, isso é fato. Elas, às vezes,
passam por problemas que nós não passaríamos porque são inocentes, porque não
pensam que as ações trazem reações ou consequências. As crianças tomam certas
atitudes com a maior naturalidade por causa da inocência, quando os adultos
analisariam e não fariam a mesma coisa, tudo isso por causa da maldade, da
famosa mente poluída. Como exemplo, posso citar a quantidade enorme de beijos que
recebo de minhas alunas e minhas ex-alunas. Confesso que elas exageram, mas
isso me faz bem. O problema é que alguns pais entendem que professor (homem)
não pode dar aula para meninas e não ficam nada felizes quando veem aquelas
crianças voando no meu pescoço para me beijar. As crianças fazem isso
naturalmente, mas os pais, com seus pensamentos maldosos de adultos, pensam
besteira. O que quero dizer com isso? Quero dizer que precisamos dessa
inocência. E estou falando de nós, o “povo de Deus”. É triste ver irmãos sendo
julgados e condenados por causa da maldade de membros da igreja do nosso tempo.
Se eu abraço uma moça, significa que tenho caso com ela? Se empresto algo a
alguém, significa que tenho interesse de receber algo em troca? Se converso com
uma mulher de vida duvidosa, significa que estou marcando um programa com ela?
Muitos diriam sim como resposta a essas perguntas e demonstrariam que a
inocência anda longe do pensamento de muitos cristãos. Poderia perguntar muitas
outras coisas, mas prefiro parar por aqui. É lamentável essa maldade que existe
no meio cristão. Isso é uma ofensa ao nome de Jesus.
Como diz David Quinlan
em uma de suas canções: “Quero ser como criança...”. Sim, irmãos. Eu quero. Mas
esse querer tem que me transformar, tem que me levar a buscar isso. Eu quero
amar como as crianças amam, quero não guardar rancor como elas não guardam,
quero confiar em Deus como elas confiam nos adultos e quero ser inocente como
elas são.
O reino de Deus é das
crianças. Quem não receber o reino de Deus como uma criança, não entrará nele.
Você quer entrar nesse reino? Então viva como uma criança vive e você chegará
lá. Deus nos abençoe!
Wanderson Miranda de Almeida, membro da Igreja
Batista Betel de Italva – RJ.
Publicado em O
Jornal Batista – 02/06/13
Publicado na Revista Palavra & Vida, primeiro trimestre de 2015.
Publicado na Revista Palavra & Vida, primeiro trimestre de 2015.