Era uma tarde de quarta-feira, eu estava na minha
sala de aula com minha turminha, quando uma aluna se aproximou e disse: “Tio, ME
passou mal ontem. Teve dor de cabeça, chorou mas disse que o problema não era
só a dor de cabeça”. Na terça, outra professora havia ficado com minha turma.
Depois de ter recebido essa informação, fiquei
olhando para ME. Ela é uma menina doce, delicada, bonita,
inteligente e muito educada. Sinceramente, gostaria de mais alunas assim.
O tempo foi passando e, logo depois do recreio,
resolvi conversar com ela. Chamei-a e perguntei sobre o que havia acontecido
com ela no dia anterior. Ela se abriu completamente, contou sobre a dor de
cabeça e, para minha surpresa, falou sobre as dificuldades financeiras pelas
quais sua família estava passando. Eu não podia imaginar que aquela menina
estivesse com tantos problemas.
No fim da nossa conversa, coloquei-me à disposição
dela, disse que ela podia contar comigo sempre para conversar ou para o que
precisasse, dei um beijo e um abraço nela, ela me agradeceu e disse uma frase
que eu nunca tinha ouvido até aquele momento: “Tio, você é meu diário!”. Isso
mexeu comigo, confesso. Fiquei com vontade de chorar e rir ao mesmo tempo. Foi
uma mistura de sentimentos, algo muito bom!
As pessoas estão precisando de diários (pessoas com
quem possam se abrir e compartilhar seus problemas e tudo que quiserem). Nossa
saúde emocional depende disso. Deus criou o homem para viver em sociedade: “E
disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só…” (Gn 2.18). Ele sabe
o que faz. Seja um diário para alguém! Eu já sou.
Wanderson
Miranda de Almeida
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