Sempre fui muito simples e hoje vejo
como isso é importante.
Minha simplicidade provavelmente vem
da minha classe social – sempre fui pobre. Não estou dizendo que todos os
pobres são simples – sei que não, mas no meu caso, tenho certeza da influência
que recebi desse fato.
Nasci no interior do Estado do Rio de
Janeiro, na cidade de Itaperuna. Meu irmão mais velho, que quase não gosta de
me “zoar”, costumava dizer que eu nasci num lugar chamado “Quebra Dedo” –
parece que isso é coisa de gente simples (rs).
Meus pais sempre foram trabalhadores
comuns – quero dizer que eram daqueles que não tinham muita grana. Minha mãe,
na época, era dona de casa e meu pai trabalhou a maior parte da vida em uma
fábrica de cimento.
Lembro-me de algumas coisas da minha
infância, e uma delas é que eu não tinha muita mordomia – nem eu nem minha
família. Nunca passamos fome, mas meu pai fazia o suficiente para nossa
sobrevivência, sem luxos.
Na escola, sempre fui um bom aluno,
mas confesso que não ter todo o material no início do ano me incomodava. A
grana era curta e, às vezes, meus pais tinham que comprar os livros aos poucos.
Quando cheguei à adolescência, minha
mãe também conseguiu um emprego – tornou-se professora, minha profissão atual.
Não tendo meus pais em casa na parte da manhã, precisei aprender a fazer
comida, coisa que na época não me agradou muito, porém hoje vejo como foi bom
ter aprendido.
Se é para falar de simplicidade, não
posso me esquecer de que nunca usei roupas de marca, mas todas tinham “marca” –
rs. Meus pais não tinham como comprar roupas tão caras. Talvez, por isso, hoje
ainda não ligo para usar as roupas de marca nem as últimas novidades
tecnológicas – isso não faz a minha cabeça.
Sobre a alimentação, o importante é
que nunca passamos fome. Tivemos uma época na qual comemos muito ovo. Costumo
brincar com meus alunos e dizer que eu pensava que fosse botar um ovo em algum
momento, por causa da quantidade de ovos que eu comia, mas isso não me causa
nenhum constrangimento.
Nunca estudei em escola particular.
Sempre fui aluno de escola pública e isso não me atrapalhou em nada. Sempre fui
um bom aluno e tive um bom rendimento escolar.
Quando acabei o ensino médio, ainda
desempregado, não pude cursar uma Faculdade. Meus pais não tinham dinheiro para
me bancar em uma Universidade Privada, e eu não tinha emprego.
Trabalhei como locutor de uma rádio
comunitária, dei aulas de violão, vendi jornais em uma banca e não tenho
vergonha nenhuma disso. Tudo contribuiu para meu desenvolvimento pessoal.
Passei em uma prova para estudar no
IFF (antiga Escola Técnica Federal, Campos dos Goytacazes, RJ). Terminei meu
curso, mas não era aquilo que queria.
Depois de alguns anos, meus pais
puderam pagar minha Faculdade – cursei Letras. Antes de terminar o curso,
passei em um concurso para professor e pude pagar algumas parcelas da Faculdade
também.
Depois de uns 6 anos, fui chamado para
trabalhar no Estado do Rio de Janeiro – também como professor. Nessa ocasião,
fiquei com duas matrículas – uma na Prefeitura de Campos dos Goytacazes e outra
no Estado do Rio de Janeiro. Hoje tenho 15 anos como professor do Ensino
Fundamental (trabalho com crianças) e 9 anos como professor do Ensino Médio
(trabalho com adolescentes, jovens e adultos).
Não posso deixar de falar também das
igrejas pelas quais passei. Em resumo, posso dizer que só fiz parte de igrejas
pequenas (em número) e bem simples. Sempre fiz parte de igrejas que andavam
atrasadas no que diz respeito aos recursos tecnológicos, já sofri zombaria de
“irmãos” em Cristo por ser da “igreja pequena” que estava participando do
festival, já zombaram de mim quando fui perguntado pelo número da minha casa,
mas eu morava em um lugar bem pequeno e as casas (em sua maioria) não tinham
número. Imagine como um adolescente se sente quando passa por isso! Bem, no
entanto sobrevivi.
Mas aonde eu quero chegar? Quero
chegar a Jesus e ao evangelho pregado por Ele.
Jesus era simples. Lembra-se do Seu
nascimento? Não foi com uma comitiva, com uma festa, porém com muita
simplicidade. Aliás, não foi só no nascimento que Ele demonstrou ser tão
simples. Lembra-se da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém? Ele entrou em
cima de um jumento! Jesus, o Filho de Deus, o Deus Filho! É bem diferente de
uma galerinha aí de hoje, não acha? A
simplicidade sempre foi uma característica marcante de Jesus.
Mas não era apenas de Jesus. O
evangelho também é simples, bem simples. O evangelho são as boas novas, as boas
notícias da salvação. É a mensagem que diz que todo aquele que crê em Jesus
será salvo: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.
Porque Deus enviou o seu Filho ao
mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por
ele.
Quem crê nele não é condenado; mas
quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de
Deus” (João 3:16-18). Por que complicar?
Fico pensando em tudo que vivi e vejo
como foi fundamental para mim ter vivido desse jeito, pois isso me tornou uma
pessoa simples.
Olho para Jesus e vejo que Ele sempre
foi muito simples.
Olho o evangelho e vejo que a mensagem
é muito simples.
Então, chego a que conclusão? Chego à
conclusão de que tudo é bem simples, é melhor desse jeito, mas nós, seres
humanos, gostamos de complicar as coisas. Simples, não acha?
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